Painel debate a participação dos contadores na captação de investimento
Comunicação CFC/APEX
No painel sobre a Participação dos Contadores na Estruturação de Governança das Empresas para IPOS e A Captação De Investimentos, os palestrantes Sérgio Laurimar Fioravanti, Thiago Grechi e Rafael Biedermann Mariante destacaram a grande oportunidade que as empresas têm quando decidem fazer uma IPO, ou seja, em tradução para o português, uma oferta pública inicial de ações na bolsa de valores, em relação à busca de capital.
Contudo, ressaltaram que a jornada para essa tomada de decisão, em transformar o negócio em uma empresa de capital aberto, demanda uma bem estruturada organização contábil e de governança para o sucesso do lançamento das ações, bem como a plena continuidade dentro desse lucrativo, mas exigente cenário.
O contador e auditor Sérgio Laurimar Fioravanti, consultor em finanças, com 28 anos de experiência em auditoria, destacou que a aderência ao IPO exige uma mudança de mentalidade dos empresários, em relação à prestação de contas da empresa. “O empresário está preparado para dividir o poder? A partir do momento do IPO, ele vai perceber que a empresa tem novos sócios. Ele está disposto a abrir os números do balancete para todos? Tem que mudar o pensamento”, ponderou Fioravanti. “Muda o modo de agir dos executivos. Muda, pois agora eu tenho que prestar contas a alguém constantemente. Não só trimestralmente, mas quando demandado”, alertou.
Fioravanti também ressaltou que a aderência ao IPO é importante para sinalizar a longevidade do negócio e destacou que os pilares de governança devem estar bem sólidos nas empresas e as informações repassadas ao mercado devem ser transparentes. “Ética em primeiro lugar. O mercado não compra informação, não precisa. Os procedimentos devem ser transparentes, qualquer deslize compromete o processo”, destacou.
Para a abertura de capital ao mercado é importante que as empresas avaliem a aplicação de compliance, a implementação de gestão de risco, o valuation, o plano de negócios, entre outros quesitos. Para Fioravanti, “o contador deve assumir o papel de protagonista no processo de abertura de capital”.
O Chief Financial Officer (CFO) da Neogrid, Thiago Grechi, profissional com mais de 15 anos em empresas no Brasil e no exterior, falou sobre a complexidade e dificuldade da preparação da documentação para a efetivação do processo de lançamento das ações de uma empresa na bolsa de valores. “É um processo dolorido para a empresa, no sentido de esforço. Quanto mais preparada, mais estruturada a empresa, mais fácil. Quando inicia parece uma maratona, mas depois, em três, quatro meses, parece uma corrida de 100 metros para empresa como um todo, equipe de contabilidade, controladoria e todos que estão envolvidos no processo”, afirmou Grechi. “Todo o empreendedor precisa pensar que o IPO não é um final. Muitos empreendedores pensam em fazer liquidez com essa ação, porém, o IPO é um novo começo”, ponderou.
O expert em finanças disse que muitas empresas desistem no meio do caminho quando iniciam o processo do IPO e reforçou que para avançar a esse nível, a “empresa tem que estar muito bem organizada, pois entra em um nível de governança muito alto”.
Na preparação da documentação, de acordo com Grechi, além da sintonia de uma boa estrutura organizacional, primeiro é importante formar o consórcio de bancos, com dois ou três bancos e a contratação de advogados, locais e internacionais. “O processo passa pelo conselho fiscal, administrativo, pela auditoria interna e por um comitê de auditores. Os advogados fazem análise dos sócios, dos administradores, para poder realizar essa abertura de capital. Importante uma auditoria dos três últimos anos para ficar dentro do mesmo padrão”, elencou.
Em seguida, para encerrar o painel, Rafael Biedermann Mariante, sócio da PwC Brasil e Presidente da ADVB/RS, disse que contadores e administradores têm um papel crucial,nessa visão do IPO para as empresas. “Eu brinco que são os contadores e os auditores que vão virar as noites nesse processo”, descontraiu, em relação ao exigente trabalho.
Segundo Biedermann, o documento mais importante para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a abertura de capital é a demonstração financeira. “É importante explicar para os stakeholders, que aquele documento, as demonstrações financeiras, é o que vai ser mais escrutinado. O relatório de auditoria não pode ter ressalva. Os órgãos reguladores não aceitam ressalvas”, disse, destacando que é um trabalho que pode ser executado em curto prazo, mas normalmente demanda até três anos.
O experiente profissional também ressaltou que é importante o contador saber os planos da administração com antecedência para que quando for tomada a decisão pelo IPO, o trabalho possa ser realizado com mais fluidez, sem atropelos. “Quando a gente sabe o plano dos administradores, se consegue uma melhor preparação. Menos doloso fazer essa jornada com a empresa”, finalizou.
Sobre o evento
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